O diretor chinês Zhang Yimou se rende a Hollywood e decepciona com "A Grande Muralha"

O premiado cineasta chinês Zhang Yimou parece realmente ter se rendido a Hollywood e as grandes produções blockbusters. "A Grande Muralha" (The Great Wall, 2016), sem dúvida usa e abusa dos efeitos visuais. Além, de ter em seu elenco atores americanos como Matt Damon, Willem Dafoe e o chileno Pedro Pascal, de “Game of Thrones” e “Narcos".


Para quem conhece a carreira do diretor, vai lamentar um pouco a respeito do rumo que ele está tomando. Porém, ao mesmo tempo, era meio que previsível, uma vez que Yimou sempre prezou bastante pelo apelo visual em seus filmes anteriores: “Herói” (Ying xiong, 2002), “O Clã das Adagas Voadoras” (Shi mian mai fu, 2004) e “A Maldição da Flor Dourada” (Man cheng jin dai huang jin jia, 2006). Devido a esse fator, é claro que Yimou iria se sentir atraído pelos recursos hollywoodianos. E justamente nisso está a falha do filme, a preocupação parece ter sido somente nos efeitos visuais, deixando o roteiro totalmente de lado.  O resultado é uma história extremamente fraca e nada surpreendente.

O filme, falado em inglês e mandarim, se passa no século XV e gira em torno de uma das lendas que cerca a construção da Muralha da China. A lenda conta que devido a ganância de um imperador, os deuses enviaram um meteoro que atingiu uma montanha e libertou uns monstros horrendos chamados Tao Tei. Eles assolaram o império e destruíram tudo e todos. Assim, a cada sessenta anos, os Tao Tei surgem novamente para lembrar aos homens que eles não devem ser gananciosos.
 

Visualmente, "A Grande Muralha" é um deleite para os olhos, mas, infelizmente, isso não sustenta o filme. A narrativa da história fica somente sobre defender a Muralha dos ataques dos Tao Tei, que são mortos de diversas maneiras, graças a um exército disciplinado e super organizado, incluindo mulheres. Após a morte do General, quem passa a liderá-los é a Comandante Lin Mae (Tian Jing), que fala inglês e demonstra um carinho e respeito pelo personagem de Matt Damon. Mas, nada acontece entre eles, afinal eles estão em batalha, estamos no século XV e Hollywood não gosta muito de romances interraciais.

Talvez se Yimou tivesse optado por roteiristas chineses, o longa poderia se sair melhor. E essa é a principal diferença em relação a suas produções anteriores. Elas são visualmente maravilhosas e ousadas, contudo o roteiro consegue acompanhar o ritmo. 

Para os cinéfilos admiradores do diretor, só resta torcer para que ele volte à suas origens e não continue no rumo deslumbrado do universo dos blockbusters hollywoodianos.

FICHA TÉCNICA:

Diretor: Zhang Yimou
Roteiro: Carlo Bernard, Doug Miro, Tony Gilroy
Elenco: Matt Damon, Pedro Pascal, Williem Dafoe, Tian Jing
Produção: Jon Jashni, Peter Loehr, Charles Roven, Thomas Tull
Distribuição: Universal Pictures
País: China e EUA
Duração: 103 min.
Ano: 2016 

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