12º Festival É Tudo Verdade

Foto: Krzysztof Kieslowski


Muita sorte a minha estar no Rio na época em que aconteceu o É Tudo Verdade. O nome desse festival faz referência a um filme inacabado de Orson Welles que foi rodado no Brasil. E pelo nome dá pra perceber que se trata de um festival só de documentários. Todo ano eles fazem uma homenagem, em forma de retrospectiva, de um diretor. E nesse ano foi a vez do cineasta polonês Krzysztof Kieslowski (1941-1996). No total, foram exibidos 17 curtas dele e outros 3 filmes sobre ele. Um dos que eu assiti, “Krzysztof Kieslowski: Eu Estou Mais ou Menos”, foi dirigido pelo seu amigo e também seus assistente de direção Krzysztof Wierzbicki. No filme, vemos Kieslowski falando de seus curtas de início de carreira e de alguns de seus longas. Foi muito interessante ver o cineasta falando de seus filmes e, principalmente sobre si mesmo. Foi possível perceber que a forma como ele se expressa, se parece um pouco com os seus filmes, ou seja, o sentimento não está nas palavras, mas nas entrelinhas dos gestos e das imagens.

Depois do último filme da trilogia das cores (“A Liberdade é Azul”, “A Igualdade é Branca” e “A Fraternidade é Vermelha”), Kieslowski anunciou que não iria mais fazer filmes, porém escreveu um roteiro para uma nova trilogia: Paraíso, Purgatório e Inferno, baseada na "Divina Comédia" de Dante Alighieri. Não se sabe se ele próprio realizaria esses filmes, já que faleceu em 1996. O diretor Tom Twyker (de Corra Lola Corra) filmou “Paraíso” (Heaven, 2002) estrelado por Cate Blanchet e Giovanni Ribisi, e em breve veremos “Inferno” (L'Enfer, 2005) dirigido por Danis Tanovic (de Terra de Ninguém), que já foi lançado, porém ainda não chegou ao Brasil.


No documentário, Kieslowski não revela o motivo que o fez parar de fazer filmes, mas o que fica implícito é uma espécie de decepção com alguma coisa que não conseguimos descobrir. Enfim, só podemos lamentar, porque sem suas imagens acabamos perdendo um pouco de poesia e sensibilidade que era único no estilo de seus filmes. O impacto que ele provocou não foi no tocante a efeitos especiais e nem inovações técnicas, mas sim na relação público X cinema. Ele parecia querer nos mostrar o invisível de um sentimento que é comum em todos nós, algo que está além das imagens e das palavras, mas que existe e é latente em nosso mais íntimo.

Comentários

Anônimo disse…
Muito bom e surpreendente!
Perceber a impressão dos filmes de uma pessoa cinéfila de carteirinha é realmente aprender com ela.
Mais ainda, quando essa pessoa é sua irmã que você levava aos cinemas, puxando-a pela mão com todo o cuidado de uma irmã mais velha e com o intuito de proporcionar um simples entretenimento juvenil.
Hoje, é ela quem me leva aos melhores filmes e me ensina a razão de tudo que está em cena, dessa maravilhosa arte que é o CINEMA.
Beijos Lari!
Gui Sillva disse…
MUITO BOM!

Achei bárbaro o comentário da tua irmã. Porém mais ainda o teu texto.
Tenho que começar a aprender sobre cinema com você!!!

E vc tem que atualizar mais o tu blog.
Obrigado pela visita, smepre passe por lá. Pois sempre estarei por aqui.

E claro, além do filme, vamos marcar de visitar o teatro novo.
Beijos
gui
Anônimo disse…
Ei... estou com medo de vc ai no rio. Desse jeito vc vai ser 2 dvd´s que virou mulher... e não apenas um. kkkk!
Adorei o texto.
Bjos!
SORTE!
saudades!